Pior Reveillòn na Ilha

Minha mãe me contou uma história e eu ainda era bem novinha. Ela esperou anos por sua formatura de colégio. Chegou o dia do baile, o dia que ela tanto esperou e no qual depositou tantas expectativas. Minha mãe tem por natureza um lindo cabelo liso, castanho escuro, que na época era longo, com fios retos até quase a cintura. Vejo nas fotos o cabelão que ela diz ter feito muito sucesso numa época em que a moda era essa que se repete nos dias de hoje. As moças faziam de tudo por um cabelo escorrido. Mas nos tempos dos cílios postiços também se ía ao salão de beleza (?) para re-inventar moda. O dia merecia, afinal. E ela então foi ao salão e de lá voltou com um grande e, segundo ela, horroroso coque na cabeça, que se não bastasse ter cor e formato estranho, tinha custado caro. Depois de algumas lágrimas e uma sensação de que a realidade não tem recurso para imprimir a fantasia , ela se enfiou debaixo do chuveiro e foi à festa com o cabelo longo, solto, de sempre. Acho que ela fez a escolha certa. Mas, não mudou o fato do baile ter sido muito ruim, de ela ter voltado bem mais cedo que o esperado e decepcionada porque sonhou noites e dias com aquele momento, que nunca existiu. Ela me contava esta estória com um ensinamento breve e objetivo: "não espere muito das coisas...vá vivendo...,pois a felicidade não se espera".

NA FOTO: UM FLASH ESTOURADO REGISTRANDO O "VIRA" 2007-2008